Artes Visuais: Lute (Carlos Zilio)
- historicidadeufsb
- 3 de mar. de 2017
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Em 1967 o Brasil vivia um momento de totalitarismo e censura, após o golpe militar, o AI-5 era o golpe final a liberdade de expressão no país. A obra LUTE, do artista plástico Carlos Zilio, é criada neste contexto com o intuito de tornar-se um convite a reflexão e a ação. Na busca por uma arte mais nacionalista, os artistas dessa época procuravam maior interação entre a obra e o público, neste contexto LUTE foi idealizada pelo artista para ser entregue na porta das fábricas aos operários, com o intuito de desperta a massa de trabalhadores ao que estava acontecendo na época.
Ao utiliza-se de uma marmita que é um objeto comum a todo brasileiro e ao mesmo tempo, dentro de um espaço tão pequeno quanto uma marmita, o artista ter colocado um rosto dentro com a palavra lute pintada em vermelho em sua boca, era uma tentativa do artista de demostrar a censura implantada pela ditadura militar e ao mesmo tempo despertar os trabalhadores de seu estado de alienação que o modo de produção fabril os deixava.
Apesar de LUTE, atualmente, talvez ser uma obra que tanto poderia ter sido idealizada no contexto nacional atual como foi no pós golpe, LUTE não chegou ao destino idealizado pelo artista pois, esse teve dúvidas se LUTE cumpriria o seu papel e seria intendida pelos trabalhadores da forma que pretendia, ainda assim LUTE tornou-se um imperativo e por isso, é uma obra tão atual e de tanta importância como o foi na ditadura militar.
FONTE:
Arte e Cultura da América Latina/Sociedade Cientifica de Estudos da Arte – V.33 e 34 (2ºsem.2015 E 1ºsem. 2016). São Paulo: CESA: Terceira Margem, 2016. pag. 40 a 41
VENCESLAU, Jessica Alessio. A obra Lute, de Carlos Zilio, como imperativo de uma geração: uma introdução à proposição de vanguarda brasileira em tempos de Regime Militar; Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”, 11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis.
RIDENTI, Marcelo Artistas e intelectuais no Brasil pós-1960. Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 17, n. 1 pag. 81 a 110, 2014.
ZILIO, Carlos. Carlos Zilio: “Os desenhos saiam da prisão com as visitas”. Os desenhos saiam da prisão com as visitas. O Globo. Entrevista concedida a Audrey Furlaneto. Acesso em 25 de fevereiro.
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